9 de set. de 2011

O Filosofar e a Verdade

Neste curso observa-se que alunos meio “maluquinhos” tornam-se de certa forma mais “serenos” e outros mais “serenos” tornam-se mais “maluquinhos”, e surge então a pergunta: que “poder” é esse que a filosofia exerce sobre os colegas acadêmicos?
Debates eloquentes e dificuldades teóricas com seus labirintos sutis provocam as mais diversas reações ainda que muitos nada consigam entender, e é com estes últimos que o autor do presente texto identifica-se. O senso comum tende a criticar a filosofia e tal senso encontramos culturalmente evidente até mesmo na academia, mas no fundo se rende a maestria dos verdadeiros filósofos. O filosofar terá sempre esta duplicidade funcional entre a filosofia e o filósofo, e aqui, não cabem os simplistas nem o senso comum. E neste campo filosófico os homens/mulheres filósofos (as) nada mais são do que instrumentos do saber, os quais têm suas mentes entregues ao inteiro serviço filosófico e que neste tem eles o seu maior prazer. Não importa quem foram (são), como viveram (vem), ricos ou pobres, escravos ou livres, a filosofia os escolhe para deles emanar saber, um saber este que vai abrindo caminho para o encontro com a verdade. No filosofar são inquietados nossos prazeres, nossos medos, nossa vida em todos os seus aspectos, em nosso mundo os fantasmas tornam-se reais e a realidade ilusão, e isso, é simplesmente fantástico.
Mas, é entre a soberba docente e os livros dos gênios que estamos nós situado, meros discentes mortais, limitados pelo rigorismo da didática acadêmica que nos impedem de irmos além das pautas. O convite da filosofia não é para os acadêmicos do curso, mas para os estudantes de filosofia, os reais aspirantes a filósofos.
A filosofia é como uma linha na qual convergem diversos temas emergidos da curiosidade da mente linguística humana. Para que haja o processo do filosofar é preciso entender esta linha e seus temas que foram ao longo da história do conhecimento abordados através de inúmeros sistemas. Assim, o primeiro passo é o aprendizado a rigor destes sistemas aproximando-se ao máximo de suas interpretações genuínas quanto possível para que então em um segundo momento possamos com eles dialogar. Tal diálogo com estes sistemas proporcionará inevitavelmente um fator a mais, qual seja a nossa própria maneira de filosofar que é a capacidade própria de recriar, de reinventar. Então, o presente texto entende que a verdade já foi encontrada e a filosofia é uma das vias verdadeiras para explicá-la, ou simplesmente torná-la cada vez mais consciente em nós.
É preciso entender que a verdade metafísica não pode ser confundida com o dizer ou não dizer uma verdade num sentido meramente teorizado de termos contrários (verdade-mentira). Neste caso, entendamos que o “não é” não pode ser de maneira nenhuma o que “é” apenas por “não é” representar o contrário daquilo que “é” e assim, consequentemente, necessário a esta compreensão do que “é”. O “não ser” pode ser uma outra coisa, e, é, mas não pode ser o que “é”, porém tanto o “não é” como também o que “é” são formas explicativas da verdade, da perfeição, da plenitude. O “não é” torna-se também algo que é no momento em que é teoricamente diferente, ou seja, não podendo existir o que “não é” em si (ou um não ser) pelo simples fato do conceito maior de espaço absoluto (totalidade de todas as coisas no existir-princípio espacial absoluto) impedir tal concepção da existência do “não é” enquanto existência em si (impossibilidade do nada) nada impede esta teorização do “não é”. Por isso, “nada” e “não é” são algo sim, são pelo menos um/em conceito antagônico daquilo que “é” e necessários a nossa espectadora compreensão. Assim, dizer que existe uma verdade absoluta não quer dizer que não possam haver várias maneiras de explicá-la, daí os sistemas filosóficos, que impulsionados pela vaidade sempre em conflito na mente do filósofo e que os inquietam a produzir , não são estruturados para uma busca da verdade, mas de sua explicação. A verdade está aí e manifesta-se na realidade antagônica do que “é” em si e do que “não é” enquanto teórico-contrário daquilo que “é”, sendo que já nos foi apresentada tal verdade, apenas caminhamos rumo ao seu desvendar.
Filosofar é (no sentido grego de “estar sendo” – presente do indicativo ativo) então, fazer esta leitura diferentemente peculiar de mundo, já que um dia nos foi removido o véu da sensibilidade bestial. Inquieta-se ainda em perguntar: há um motivo prático maior que justifique o filosofar? Com certeza sim. Este motivo é o de estarmos aqui a convite da verdade para este bate-papo. O diálogo do filósofo neste seu esforço explicativo não é um diálogo com a humanidade, mas com o próprio saber que se explica e as mentes que são pela verdade chamadas a esta tarefa. A verdade nos ensinou a explicá-la pelo pensar e pelo registrar desse pensamento. A Filosofia é uma conversa que pode não ter fim assim como não tem fim a verdade que a impulsionou. Davi Gadelha - 3º ano Filosofia UEPB – 18/08/11

Acerca do Ideal e do Real na Filosofia de Berkeley e Schopenhauer - Qual a Necessidade de uma Vontade?

Parte - II

Como já foi mencionado anteriormente, Schopenhauer procura desenvolver a sua filosofia tentando unir sujeito-objeto/objeto-sujeito, buscando desconsiderar que exista hierarquia de influencia quanto a estas duas entidades. Tenta então fundir o ideal e o real em uma confusa teoria do conhecimento que assimila elementos kantianos e empiristas além de criar outras possibilidades que são pouco convincentes.

OBJEÇÕES A DOUTRINA DE SCHOPENHAUER SEGUNDO AS PROPOSTAS DE BERKELEY

Quanto ao real e o ser-em-si

Berkeley descarta o real da maneira como se entende na filosofia, como sendo a matéria exterior as representações do próprio sujeito, esta realidade para ele não existe;
Há certo equívoco em pensar que o real seja a coisa-em-si, tal equívoco estava atormentando a tradição filosófica até Berkeley, daí Hume tenta restabelecer o ceticismo, mas é em Kant que se tenta uma maneira de unir ambas as escolas, mas sem sucesso. Schopenhauer adota o mesmo caminho trilhado por Kant;
A coisa representada é para os seus antecessores a possível coisa-em-si, já Schopenhauer cria a vontade para não confundir coisa representada com coisa-em-si;
Não há uma necessidade de haver uma relação ou conexão categórica entre ideal e real a não ser por vaidade filosófica expressa em opiniões de não aceitação;
Berkeley definitivamente aboliu o materialismo provando a impossibilidade de uma coisa-em-si que subsista além de representações ideais pondo fim a este equívoco filosófico, assim uma vez provando-se categoricamente um idealismo sustentável – inclusive com bases empíricas –, já não há mais espaço para tentativas vãs de ressuscitar tal discussão, ainda mais com propostas infundadas;

Quanto à vontade

Para haver vontade naquilo que se entende por este termo na filosofia – E Schopenhauer não se afasta disso, pois sua vontade é uma vontade de querer –, se faz necessário o pressuposto de uma consciência, como pode algo quer e influenciar a consciência do humano sem que esse algo tenha em si mesmo consciência?;
A única vontade que podemos conhecer é a do sujeito que pensa que é ativo;
A vontade Schopenhauer seria em Berkeley inalcançável sem uma mente consciente;
A vontade fundamenta-se em uma consciência e objetiva algo, não pode ser desconhecida e arbitrária, assim como se apresenta na filosofia de Schopenhauer;
A vontade depende da representação para acontecer, ou seja, está subordinada a representação do sujeito que a representa;
A vontade como a conhecemos só se manifesta enquanto representação da ação causada na consciência; se a vontade em Berkeley pertence apenas às mentes que conhecem e percebem, o ser-em-si só pode ser estas mentes (humana e divina) não podendo haver uma vontade arbitrária cosmológica; (Davi Gadelha – 3º ano)

Acerca do Ideal e do Real na Filosofia de Berkeley e Schopenhauer - Qual a Necessidade de uma Vontade?

Parte - I

Nas suas considerações em “esboço de uma história da doutrina do ideal e do real” Schopenhauer desenvolve um considerável histórico em forma de um resumo do pensamento moderno a partir de Descartes até Kant - dando a partir daí um salto para si mesmo por não considerar Fichte, Schelling e Hegel filósofos - analisando, segundo sua própria ótica, alguns dos principais autores modernos buscando o ponto problemático comum a todos para que viesse a partir deste ponto comum tentar buscar uma solução. Após uma breve análise em cada autor e de desenvolver algumas criticas, Schopenhauer irá notar que o problema central que emana das discussões filosóficas é no que diz respeito às relações entre sujeito e objeto.
Chega, então, a conclusão de que se faz necessário haver uma união coerente e necessária de sujeito-objeto sem a intervenção de uma divindade (“vontade e onipotência de Deus são a causa direta de todo fenômeno no mundo da percepção intuitiva”), bem como também os panteístas e os céticos até então não conseguiram obter o sucesso satisfatório em suas investigações. Schopenhauer admitirá o idealismo do ponto de vista fenomênico, ou seja, o mundo enquanto nossa representação, mas divergirá quanto à coisa-em-si, pois Berkeley não admitia existência alguma realmente em si mesma, isto é, fora do idealizado, já Kant admitia a existência de uma coisa-em-si que está fora do idealizado, mas que a tal coisa-em-si nós também não temos acesso algum, daí Schopenhauer irá dizer que esta coisa-em-si é a vontade que foi desprezada, ou não notada, ou simplesmente admitida como uma das representações pelos seus antecessores.
Somente vontade e representação são fundamentalmente diferentes na medida em que constituem o contraste básico de todas as coisas no mundo sem deixar nada para trás. A coisa representada e a representação desta são o mesmo; mas apenas a coisa representada, não a coisa-em-si. A última é sempre vontade, qualquer seja a forma na qual aparece na representação. (Schopenhauer, Fragmentos sobre a história da Filosofia)
Aqui ele irá fazer diferença entra coisa representada e coisa-em-si, ou, pode-se considerar que ele introduz dentro da investigação filosófica uma nova coisa-em-si que será em sua filosofia a chamada vontade.
A fonte do problema para Schopenhauer é basicamente a falta de conexão entre o ideal e o real, pois ninguém até o momento teria encontrado uma solução sem recorrer a soluções teístas, e é esse afastamento dogmático teísta judaico que o faz admirar Kant e considerar-se seu sucessor.
Para Schopenhauer muito na filosofia de Berkeley é de “compreensão verdadeira e profunda” chegando a considerá-lo o pai do idealismo, porém para ele Berkeley também “não sabia como encontrar o real”, mas veremos que na filosofia de Berkeley o real não é objetivo a ser alcançado e sim a ser negado, pois o real em Berkeley estará o representativo, ele não procura unir ou relacionar ideal e real, mas provar a impossibilidade do material em si por não podermos avançar além das nossas ideias, considerando como existência real os seres que conhecem e desejam. Schopenhauer está convencido acerca dessa representação fenomenológica ou ideal de mundo, mas simplesmente não aceita – por opinião – a separação dualística entre subjetividade e objetividade. (Davi Gadelha -3º ano)

DICA DE FILME

MÃOS TALENTOSAS - é um filme extraordinário para quem deseja seguir carreira em medicina, mas além de apresentar essa profissão brilhante, o filme mostra um verdadeiro exemplo de superação numa história emocionante. É uma grande lição de vida para todos nós. Vale a pena conferir!